O que é a fibromialgia?
A fibromialgia é uma doença crônica cuja etiologia e fisiopatologia ainda não são bem definidas. Ela é uma síndrome reumática, ou seja, acomete o sistema locomotor, e está associada a um comprometimento do sistema nervoso, resultando em dor musculoesquelética generalizada. Geralmente ela pode se manifestar associada a outros sintomas.
No Brasil, ela é a doença reumática mais prevalente após a osteoartrite, se manifestando em aproximadamente 2,5% da população brasileira. Na população geral, a fibromialgia é mais predominante em mulheres, principalmente entre os 30 e 50 anos de idade.
A fibromialgia é considerada uma síndrome porque envolve um conjunto de sintomas inter-relacionados que, quando presentes em um indivíduo, indicam a presença da condição. No caso da fibromialgia, os sintomas comuns incluem dor generalizada, fadiga persistente, distúrbios do sono, sensibilidade muscular e pontos de dor específicos no corpo.
Embora a etiologia dessa doença ainda não seja completamente compreendida, acredita-se que fatores genéticos, físicos e emocionais desempenham um papel crucial no desenvolvimento da fibromialgia. Normalmente, o seu desenvolvimento está relacionado a ocorrência de eventos físicos ou psicológicos traumáticos, desencadeando a dor que se cronifica.
Sintomas e diagnóstico
A sintomatologia da fibromialgia é muito extensa, e pode variar de pessoa para pessoa. Sabemos que a dor musculoesquelética crônica generalizada é característica da síndrome, mas hoje existem registros de mais de 100 tipos de sintomas, que variam de dores locais crônicas, difusas ou latejantes, distúrbios de sono, fadiga profunda e persistente, constipação, náuseas, sensibilidade, espasmos musculares e formigamento até mudanças de humor, falta de concentração, depressão e irritabilidade.
A fibromialgia pode ser desencadeada por eventos traumáticos ou fatores genéticos, que resultam no aparecimento de dor focal persistente, que se expande a outras partes do corpo e se intensifica.
O seu diagnóstico é exclusivamente clínico, não existindo exames específicos capazes de identificar a doença, entretanto exames podem ser solicitados para embasar o diagnóstico clínico. O diagnóstico é feito através da avaliação dos sintomas clínicos e exclusão das demais síndromes que apresentam condições similares.
Tratamento
A ausência da completa compreensão da fisiologia e etiologia da fibromialgia dificulta a adoção de tratamentos que atuam diretamente em sua causa, evitando a progressão da doença. Com as informações que temos hoje, especialistas desenvolveram estratégias terapêuticas para controlar a fibromialgia, focando no gerenciamento e controle dos sintomas que, apesar de muitas vezes insatisfatório, resulta na melhora da qualidade de vida das pessoas que lidam com ela.
Como o tratamento da fibromialgia é focado no manejo dos sintomas, ele se torna completamente individualizado, não existindo um padrão de tratamento para cada um dos acometidos, já que eles podem apresentar diferentes sintomas. Mas, de modo geral, o tratamento tem como objetivo reduzir o sofrimento dos portadores e é feito através da associação da terapia medicamentosa e da não medicamentosa, já que doença inclui fatores sociais, psicológicos e biológicos. Logo, a utilização de diferentes abordagens terapêuticas se mostrou promissora.
O tratamento farmacológico consiste no uso de medicamentos para a redução dos sintomas, que variam de ansiolíticos, antidepressivos e opioides a canabinoides, anticonvulsivantes, indutores de sono e analgésicos, sendo seu uso recomendado e avaliado por um profissional de saúde, de acordo com a sintomatologia queixada pelo paciente.
A esses fármacos são associados tratamentos não farmacológicos. Uma opção amplamente reconhecida e eficaz é a terapia física. Profissionais especializados podem desenvolver programas de exercícios adaptados às necessidades individuais, promovendo a flexibilidade, fortalecimento muscular e melhorando a capacidade funcional. Essa abordagem não apenas reduz a dor, mas também contribui para o aumento da qualidade de vida ao capacitar os pacientes a gerenciarem seus sintomas de maneira ativa.
Além disso, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) emergiu como uma ferramenta valiosa no tratamento da fibromialgia. A TCC não apenas aborda os aspectos físicos da condição, mas também lida com os componentes emocionais e psicológicos associados à dor crônica. Ao ensinar estratégias para lidar com o estresse, gerenciar o sono e modificar padrões de pensamento negativos, a TCC oferece aos pacientes ferramentas poderosas para melhorar sua qualidade de vida e enfrentar os desafios diários associados à fibromialgia.
Além das terapias mencionadas, práticas como a acupuntura e a massoterapia também têm sido exploradas como opções não medicamentosas para alívio da dor e melhoria da função física em pacientes com fibromialgia. Essas abordagens holísticas buscam equilibrar o corpo e a mente, promovendo uma sensação geral de bem-estar. Em conjunto, essas terapias não medicamentosas oferecem uma abordagem abrangente e personalizada para o tratamento da fibromialgia, capacitando os pacientes a gerenciarem sua condição e retomar o controle de suas vidas.
Como vimos, a fibromialgia é uma condição complexa e com difícil manejo, que requer a colaboração entre os portadores com os profissionais de saúde para desenvolver um plano personalizado que atenda às necessidades individuais. Infelizmente, ainda não há uma cura para a doença, mas é possível, através de um tratamento bem elaborado, controlar a sua progressão e reduzir o sofrimento dos acometidos, melhorando a funcionalidade e a autonomia pessoal.
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